O que é?
Primeiramente, é importante saber o que é o períneo.
O períneo, também chamado de assoalho pélvico, é a musculatura que sustenta nossos órgãos da pelve (bexiga, útero, intestino). A parte externa do períneo é aquela que se encontra entre o cóccix e o púbis, ao redor da vulva (a área externa da pepeca) e o ânus.
A laceração do períneo então seria o corte feito naturalmente pela passagem do bebê durante o parto.
Essa laceração pode ser dividida em graus, do 1º ao 4º, onde quanto maior o grau, maior a profundidade. As lacerações de 1º e 2º graus são as mais comuns de acontecer. A de 1º grau atinge pele e mucosa, a de 2ª grau, chega nos músculos. As lacerações de primeiro grau são bastante comum, e muitas vezes não é necessário dar pontos para que elas se fechem. As lacerações de 3º e 4º graus são mais raras. a de 3º acomete o esfíncter anal, enquanto que a de 4º chega ao reto também.
Como prevenir?
O que se tem de evidências hoje para a prevenção de lacerações é que na hora de fazer a força para o bebê nascer, a mulher deve seguir sua vontade e ir fazendo a força aos poucos. Diferente de quando os profissionais que estão assistindo ficam falando pra mulher fazer força (é comum ficar um coro de pessoas falando: força, força, força…), esse é o chamado puxo dirigido, e é desaconselhado hoje em dia. Dessa forma pausada, o períneo da mulher vai se alongando aos poucos e a cabecinha do bebê se moldando, ao invés de ir com tudo e “rasgar”.
Também é importante que a mulher esteja em uma posição verticalizada, para que a gravidade faça sua parte ajudando o bebê a descer. Existem algumas evidências mostrando que o parto com a mulher deitada de lado ajuda na prevenção de lacerações, mas a melhor posição é a que a mulher se sentir confortável na hora H.
É interessante que a mulher tenha consciência corporal da região do períneo para poder entender melhor como fazer a força na hora do parto. Então a fisioterapia pélvica durante a gestação pode ajudar nisso. Mas, não é um pré requisito para não ter laceração, OK?
É melhor o médico cortar então?
O corte no períneo realizado pelo profissional que está assistindo o parto é chamado de episiotomia. Este corte, que atinge mucosa, pele e músculos, foi inventado por um “ser nada abençoado” que percebeu que ao cortar o períneo da mulher na hora que o bebê estava prestes a nascer (já quando dá pra ver a cabecinha do bebê quase saindo) fazia o processo ser mais rápido. Então esse corte começou a ser difundido e ensinado como necessário para todas as mulheres, sem que se fizessem estudos para ver sua eficácia.
A verdade é que não há evidências científicas que respalde a prática indiscriminada da episiotomia, como ainda é feita infelizmente em muitos lugares. Hoje inclusive tem estudos mostrando os danos que esse corte pode causar para a mulher, como infecção no local do corte, sangramento, incontinência urinária e fecal, dor durante a relação sexual…
A tendência hoje é diminuir o uso da episiotomia e até mesmo zerar. Sei da história de diversos profissionais que faziam de forma rotineira (pois haviam aprendido que era o certo a se fazer) e após irem se atualizando, resolveram fazer de maneira mais seletiva até que perceberam que não havia necessidade (já que mudaram toda sua prática obstétrica para uma prática mais humanizada, respeitando a fisiologia do processo), até que param de usar.
Informe-se e converse com o profissional que está te acompanhando!
“Tia coruja de 4 meninos lindos nascidos de partos humanizados, Enfermeira Obstetra, Doula, apaixonada por trabalhar com mulheres e bebês e estudiosa da área, com o propósito de melhorar a experiência de mulheres e suas famílias no ciclo gravidez-parto-puerpério.”
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